Resenhas, artigos e contos

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[Resenha] Jogos Vorazes, de Suzanne Collins

Resenha publicada no blog Luizdreamhope em 31/02/2012


Editora: Rocco
Ano: 2010
Páginas: 397
Onde comprar? Saraiva
Sinopse: Após o fim da América do Norte, uma nova nação chamada Panem surge. Formada por doze distritos, é comandada com mão de ferro pela Capital. Uma das formas com que demonstram seu poder sobre o resto do carente país é com Jogos Vorazes, uma competição anual transmitida ao vivo pela televisão, em que um garoto e uma garota de doze a dezoito anos de cada distrito são selecionados e obrigados a lutar até a morte! Para evitar que sua irmã seja a mais nova vítima do programa, Katniss se oferece para participar em seu lugar. Vinda do empobrecido distrito 12, ela sabe como sobreviver em um ambiente hostil. Peeta, um garoto que ajudou sua família no passado, também foi selecionado. Caso vença, terá fama e fortuna. Se perder, morre. Mas para ganhar a competição, será preciso muito mais do que habilidade. Até onde Katniss estará disposta a ir para ser vitoriosa nos Jogos Vorazes?

Resenha

O livro do momento, impulsionado pela recente adaptação cinematográfica, finalmente começa a chamar a atenção, embora já tenha angariado uma considerável quantidade de fãs há muito tempo. As críticas ao livro são unanimemente positivas desde o seu lançamento. Pouco antes da estreia do filme (que já o vi), resolvi conferir as páginas que despertaram boa impressão em milhares de leitores.

A primeira referência proeminente ao se deparar com a sinopse de Jogos Vorazes é a extrema similitude com um romance japonês — que ganhou uma versão cinematográfica, mais conhecida pelos fãs aqui no Brasil, além de uma adaptação para mangá — do cultuado Battle Royale. Eu não irei entrar em detalhes sobre a trama deste último, mas a semelhança entre os dois livros, em termos de enredo, está na existência de um reality show que reúne adolescentes num determinado lugar isolado para que se matem até restar um único sobrevivente. Plágio? Felizmente não. Embora tenha provavelmente bebido na fonte de Battle Royale, a autora conseguiu dar à ideia uma roupagem interessante, de forma que do resultado final saiu algo crível e diferente do romance japonês.

Uma distopia infanto-juvenil é como considero Jogos Vorazes, temperada com um toque de obras clássicas de FC como 1984 e Admirável Mundo Novo; mas tudo isso aos moldes do gênero de entretenimento para se adequar ao público infanto-juvenil. Logo, não se engane, Jogos Vorazes tem seu próprio rosto.

O livro é narrado por Katniss, protagonista do livro, uma personagem com personalidade e forte em suas decisões. Dificilmente o leitor não simpatiza com ela — eu pelo menos, em nenhum momento desgostei da personagem.  Ainda que seja fácil inclinar a narração de uma garota adolescente para algo mais coloquial, de linguagem fácil, a leitura é aprazível e nada enfadonha.

O universo de Jogos Vorazes é curioso e demanda uma boa quantidade de páginas para revelar as informações de contextualização. A autora soube muito bem quando e como encaixar novas informações a respeito da história e seus personagens, tornando a leitura natural e nenhum pouco pesada. É um ponto favorável, tendo em visto que muitas histórias contam coisas desnecessárias sem efetivamente utilizar tais elementos. Mesmo após a leitura do livro, não é difícil rememorar os detalhes da história. Mas espero que as continuações mostrem mais a respeito dos demais distritos.

Cliffhanger, técnica com o objetivo de finalizar um capítulo no momento clímax e impelir o leitor a ler o seguinte imediatamente: artifício bastante utilizado em Jogos Vorazes. Cada capítulo, finalizado num momento crucial para a protagonista, nos obriga a virar a página para saber o que irá acontecer. Somando isso ao fato dos capítulos serem relativamente curtos, é possível ler uma boa quantidade de páginas — ou até mesmo o livro inteiro — sem  nem se dar conta. Só acho que esse “gancho”, tão movimentado nos finais dos capítulos, deveria ter sido usado também para o final do livro, pois ao fim da leitura não senti qualquer impulso ou desespero de ler Em Chamas, continuação da série. Todavia, o interesse pelo segundo livro se dá no fato do rumo que a história irá tomar, visto que a edição dos Jogos Vorazes terminou.

Como de praxe, recorrente em livros de entretenimento, notei alguns erros de editoração. Ao que parece, um maior zelo pela edição dos livros vale tanto para as obras nacionais quanto às estrangeiras. Nem sei qual foi o último livro que peguei sem me deparar com visíveis errinhos de digitação.

O enredo tem uma estrutura interessante, embora esteja se tornando muito comum no mercado, com a divisão da história em partes, cada uma delas focada num determinado conflito. Em Jogos Vorazes, a primeira parte conta a ida de Katniss para a Capital e sua preparação para o início dos Jogos; a segunda foca-se nos primeiros momentos dos Jogos — a melhor em minha opinião; e a terceira é centrada no final dos Jogos com ênfase no romance da personagem. Essa característica adicionada aos “ganchos” nos capítulos torna a estrutura do livro muito interessante. 

A obra é categorizada como infanto-juvenil, assim como Harry Potter, e possui algumas cenas violentas, mas nada tão forte a ponto dele não ser encaixado no gênero. Nos momentos sanguinolentos, algumas descrições são pesadas, outras sucintas. 

É um ótimo livro, mas não excelente e maravilhoso como todos dizem por aí. Mas como ainda é uma trilogia, quem sabe eu ainda não seja surpreendido Só digo que vale a pena. 

2 comentários

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Oi Luis!
Jogos Vorazes..acabei conhecendo a obra recentemente...na verdade quando o filme lançou no cinema vi muitas criticas positivas á respeito porém só asssisti o filme poucos meses atrás.
Gostei muito da obra. Nada que tenha ficado fascinada (como aconteceu com a obra Deixa Ela Entrar) mas gostei de ver um romance juvenil um pouco mais "denso" (do tipo que Harry Potter foi nos últimos livros/filmes). Ainda não li o livro, muito embora o tenha aqui.Mas pretendo ver.
Acho que o que mais gostei na obra no primeiro momento foi a personagem Katniss e a música tema do filme...quanto á referência com Batlle Royale, pensei a mesma coisa.

Preciso te confessar...eu não suporto as garotas xiitas fãs de yaoi...a maioria delas são muito exageradas e sem noção.
Eu fiquei admirada com a anáçise do cara acerca da abertura de Death Note...eu mesma já havia nortado tais referências mas algumas realmente me foram uma surpresa. Informações do tipo em Naruto? Hum, nunca parei para pensar..sempre vi naruto mais como um barco de referências á outras obras de mangá. Uma obra que possui excelente amontoado histórico subtendido é Trinity Blood. E até mesmo Fullmetal Alchemist. Afinal, o Bradley foi criado á imagem de Hitler.
Uma obra que faz muitas referências filosóficas é Ergo Proxy..aquele é fantástico. Me ensinou a buscar minha razão de ser rs.
bjs

Balas
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Oi, Tsu.

Eu considero Jogos Vorazes uma das melhores obras juvenis desde o último Harry Potter (eu não li Percy Jackson, então não posso opinar se realmente valia a pena ou não quando era febre; mas o segundo filme está a caminho e parece ser fiel ao livro, pois o primeiro foi um desastre). A adaptação de Hunger Games ficou muito boa (me encantei pela música tema tb); o livro possui a mesma qualidade, e acho que irá gostar da leitura já que a protagonista te cativou.

Eu não consigo entender qual a graça de yaoi, yuri e outros gêneros desse estilo. Quer dizer, não que eu menospreze histórias assim, mas para ser fã de algo assim, não sei, muito estranho, hehe; ainda mais quando são garotas, não consigo decifrar o ponto de vista delas. Mas fazer o que, né? Gosto é gosto.
Naruto é realmente um aglomerado de referências a outros mangás, mas como foi um dos primeiros animes que eu comecei a assistir sem precisar da TV aberta, quando era adolescente lá pelos meus 16 anos, tenho um carinho muito grande pela série até hoje. Sim, sou fã de Naruto, e não nego que ele até me ajudou em alguns momentos da minha vida tb. Talvez não tenha lá tanta profundidade, mas irei procurar fazer uma análise geral de tudo o que eu achar importante, desde personagem, trama, objetivo, filosofia, referencias a cultura oriental, ou qualquer outra coisa.

FullMetal Alchemist apenas acompanhei o Brotherhood, e achei um dos melhores animes dos últimos anos (mesmo que eu não assista muitos, hehe). Mas é realmente impressionante e sinto que não absorvi nem metade do que a história mostra. Sobre Ergo proxy, juro que tentei ver esse anime 3 vezes, mas não consegui. Não porque era ruim, mas por motivos externos. Acho que vi até o episódio 10. É um dos animes que pretendo terminar de ver um dia, já que agora tenho mais "bagagem" que antigamente. A música de abertura é sensacional! *_*

Beijos.

Balas