O décimo quarto volume finaliza o arco iniciado no
volume anterior sobre mais uma disputa entre as turmas A e E. Dessa vez, a
crítica do mangá debruça-se sobre a disparidade de recursos entre ambas as
turmas, que poderíamos traduzir para a diferença de infraestrutura entre uma
escola e outra. Pensando um pouco além no assunto, no caso do Brasil, temos uma
diferença gritante de recursos entre os colégios. Alguns, por exemplo, possuem
salas e equipamentos de informática, quadras poliesportivas e bibliotecas,
enquanto outras, não. Uma alternativa (que, claro, não substitui essas
carências) é usar o que tem de aproveitável no entorno da escola (por exemplo,
a utilização de clubes esportivos do bairro; e procurar uma forma criativa de
exercer tarefas que sejam tão edificantes (por exemplo, incentivar os alunos a
organizarem uma biblioteca comunitária no bairro a partir de doações).
Nossos defeitos e pontos fracos podem se tornar armas quando você decide explorá-los. Aprendi a fazer isso aqui, nesta sala de aula.
O arco seguinte do mangá intensificou o confronto com
a turma A, visto que a próxima “modalidade” seria os exames finais do semestre.
E, enfim, chegamos a um clímax que obrigou o próprio diretor a sair de trás das
cortinas e comandar pessoalmente a turma A nessa nova disputa contra os alunos
do Koro-sensei. O diretor Asano é um personagem que encarna o “opressor” na
sociedade, que faz de tudo para continuar acima dos que não merecem chegar a um
alto patamar social. Sua diretriz educacional é a materialização dessa
ideologia da “lei dos mais fortes”, e ele tenta incutir a mesma mentalidade nos
alunos da turma A, que estudam não para o melhor proveito de si próprio, e sim
para ser melhor que o outro. Sabem em que contexto temos traços desse
pensamento? Nos alunos que estudam em escolas e universidades melhores que
outras. “Ih, foi mal, a minha é federal”; “Desculpa, mas estudo na melhor
universidade pública do país”. Quando escola ou universidade são elencadas em
um ranking, seus estudantes podem se sentir representados nesse ranking e
acharem que são melhores que os estudantes em uma colocação inferior.
Felizmente, a turma E está aí para provar o contrário.
E para tornar esse confronto de diretrizes
educacionais mais “manganescas”, o autor se utiliza de um bom recurso que é
simular magias e combates para descrever cenas de estudo. Quando o diretor
Asano está ensinando a turma A, é como se ele tivesse superpoderes que
afetassem os alunos. Mais interessante ainda é mostrar as dificuldades de cada
aluno por meio de batalhas contra “monstros-questões” numa espécie de coliseu. E
vou confessar que não entendi bulhufas da última questão de matemática (sou de
Letras, pô), embora eu tenha compreendido a mensagem por trás dela.
Por fim, há também uma crítica ao estudo intensivo que
não dá brechas para outros afazeres. Uma mente focada completamente no ato de
estudar tem grandes chances de não assimilar por inteiro o conteúdo. Mesmo os
alunos da turma E dividem seu tempo entre os estudos, matar o Koro-sensei e outras
tarefas pessoais.
O volume finaliza com
um bom gancho para o próximo capítulo. Pelos flashbacks ao fim, certamente
conheceremos melhor o background do diretor Asano e suas principais motivações
para ser o que ele é hoje.